Autismo na adolescência: sintomas, sinais e como lidar com essa fase desafiadora

Entenda como o autismo se manifesta na adolescência, quais são os principais desafios enfrentados nessa fase e como pais, professores e líderes religiosos podem oferecer suporte prático, emocional e espiritual.

INCLUSÃO DE ADOLESCENTES AUTISTAS

Pastor Glauco Ferreira

4 min read

Introdução

A adolescência é, por si só, uma fase marcada por transformações profundas. Alterações hormonais, busca por identidade, conflitos emocionais e sociais fazem parte do processo natural de crescimento. Quando o adolescente está dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA), essa transição pode se tornar ainda mais complexa, exigindo um olhar atento e estratégias bem direcionadas.

Neste artigo, vamos explorar os principais sintomas e sinais do autismo na adolescência, com foco em níveis 1 e 2 de suporte, e apresentar maneiras eficazes e humanizadas de apoiar esses jovens em casa, na escola, na igreja e na sociedade.

O que muda na adolescência de um autista?

Para muitos pais e cuidadores, a adolescência traz novas manifestações do autismo. Algumas características que eram manejáveis na infância podem se intensificar, enquanto outras se tornam mais evidentes.

As mudanças mais comuns incluem:
  • Aumento da ansiedade: questões como aparência, relacionamentos, identidade e desempenho social ganham peso.

  • Dificuldade com mudanças corporais: puberdade e alterações físicas podem ser difíceis de compreender e aceitar.

  • Aumento da rigidez comportamental: uma maior resistência a mudanças pode surgir.

  • Isolamento social: dificuldade de manter amizades ou lidar com ambientes sociais como escola e igreja.

  • Autopercepção e autoestima: adolescentes autistas podem começar a perceber que são “diferentes”, o que impacta diretamente sua autoestima.

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Sintomas do autismo na adolescência

Os sintomas variam conforme o nível de suporte, o grau de desenvolvimento e a história individual da criança. Porém, alguns sinais comuns incluem:

  • Dificuldade para iniciar ou manter conversas;

  • Pouco interesse em interações sociais;

  • Interesses restritos ou hiperespecializados;

  • Sensibilidade sensorial (a sons, luzes, texturas);

  • Dificuldade com transições e mudanças de rotina;

  • Tendência à literalidade (dificuldade em entender metáforas, piadas ou sarcasmo);

  • Dificuldades de autorregulação emocional;

  • Comportamentos repetitivos ou estereotipados;

  • Questões com higiene e cuidados pessoais;

  • Crises emocionais mais intensas.

Importante: esses sintomas não são exclusivos da adolescência e nem todos os adolescentes autistas apresentarão todos eles. O diagnóstico sempre deve ser feito por equipe multidisciplinar especializada.

Diagnóstico tardio: quando o autismo só aparece na adolescência

Embora atualmente a maioria dos diagnósticos de TEA ocorra na infância, muitos casos, principalmente de autismo nível 1 de suporte, só são identificados na adolescência. Isso acontece porque:

  • Os sinais eram sutis na infância e foram confundidos com timidez, imaturidade ou traços de personalidade.

  • A demanda social da adolescência é mais complexa e expõe dificuldades antes invisíveis.

  • Meninas muitas vezes mascaram os sintomas, dificultando o diagnóstico precoce.

Estratégias para lidar com a adolescência no espectro autista

1. Estabeleça rotinas claras

Adolescentes autistas tendem a lidar melhor com previsibilidade. Crie uma rotina consistente, mesmo que haja necessidade de ajustes.

2. Invista em comunicação acessível

Use frases diretas, linguagem clara e, se necessário, apoios visuais. Incentive a expressão de sentimentos, inclusive por escrita ou aplicativos de comunicação alternativa.

3. Pratique o reforço positivo

Valorize cada pequeno avanço. Evite punições e prefira o reforço de comportamentos desejáveis.

4. Desenvolva habilidades sociais

Insira o adolescente em grupos pequenos e seguros. Ofereça oportunidades de interação com mediação e supervisão respeitosa.

5. Trabalhe a autorregulação emocional

Ensine técnicas de respiração, autocontrole e uso de recursos sensoriais. O apoio psicológico é essencial.

6. Incentive a autonomia progressiva

Encoraje pequenas decisões no dia a dia e valorize iniciativas pessoais.

7. Respeite os limites sensoriais

A puberdade pode exacerbar a hipersensibilidade. Ambientes barulhentos, cheiros fortes ou luzes intensas podem causar crises.

8. Fortaleça a autoestima

Mostre que ele ou ela é amado(a), aceito(a) e capaz. Evite comparações e celebre a identidade única do adolescente.

9. Esteja atento à saúde mental

Adolescentes autistas têm risco aumentado de depressão, ansiedade e isolamento. Busque apoio psicológico especializado.

10. Acolha com fé e graça

Para famílias cristãs, é essencial lembrar que Deus ama cada adolescente com TEA de maneira incondicional. A espiritualidade pode ser uma fonte poderosa de conforto, força e pertencimento.

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O papel da igreja e da fé na adolescência autista

A adolescência é também um período de busca espiritual. A igreja pode ser um lugar de cura, acolhimento e segurança — ou, infelizmente, de exclusão e dor. Pastores, professores da EBD, líderes de jovens e toda a comunidade devem ser orientados para incluir de maneira intencional, amorosa e respeitosa.

Boas práticas incluem:
  • Criar grupos menores de discipulado;

  • Adaptar o conteúdo e a linguagem das aulas;

  • Permitir pausas sensoriais em cultos e programações;

  • Treinar líderes para reconhecer e manejar crises;

  • Valorizar os dons e a presença do adolescente no Corpo de Cristo.

Conclusão: a adolescência não precisa ser um fardo

A adolescência é desafiadora, mas também pode ser um tempo precioso de descoberta, amadurecimento e transformação. Com suporte adequado, empatia e estratégias personalizadas, o adolescente autista pode florescer — na escola, na família, na igreja e na vida.

Como pais, cuidadores e líderes cristãos, somos chamados a amar, compreender e apoiar — e essa missão se torna ainda mais sagrada quando tocamos a vida de alguém tão especial.

Se você é professor, voluntário ou líder de ministério infantil, que este guia inspire novas práticas e desperte o desejo de aprender mais sobre INCLUSÃO E ACOLHIMENTO de pessoas autistas na igreja, bem como os PRIMEIROS PASSOS para tornar isso possível!