Autistas amam sim: a afetividade no espectro autista sob uma nova perspectiva

Pessoas autistas amam, sentem e se conectam emocionalmente. Descubra como a afetividade se manifesta no espectro autista e por que é hora de mudar a forma como enxergamos o amor atípico.

DICAS PARA O DIA A DIA

Pastor Glauco Ferreira

3 min read

Introdução

Existe um mito persistente de que pessoas autistas não têm empatia ou não conseguem amar. Essa ideia é tão equivocada quanto prejudicial. Ela impede que enxerguemos o espectro autista com a complexidade e a riqueza que ele possui — inclusive no campo das emoções.

Neste artigo, vamos explorar a afetividade sob uma nova perspectiva: como pessoas autistas amam, como demonstram esse amor e por que precisamos romper com os estigmas que ainda cercam o tema.

Amar é neurodivergente também

Afeto, empatia e vínculo emocional não são exclusivos de quem é neurotípico. A diferença está na forma como essas experiências são vividas e expressas. Enquanto muitas pessoas expressam sentimentos com gestos físicos, olhares prolongados ou declarações românticas, alguns autistas demonstram amor com ações práticas, com presença constante ou com fidelidade à rotina compartilhada.

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Como a afetividade se manifesta no autismo?

Cada pessoa autista é única, mas existem alguns padrões comuns na forma como o afeto é percebido e expresso no espectro. Veja alguns exemplos:

  • Amor por meio da rotina: manter compromissos, lembrar datas, criar rituais com a pessoa amada — tudo isso pode ser demonstração de afeto.

  • Presença silenciosa: alguns autistas preferem demonstrar amor apenas “estando ali”, mesmo que em silêncio, compartilhando o mesmo ambiente.

  • Lealdade extrema: a honestidade e a fidelidade são marcas registradas em muitos relacionamentos com pessoas autistas.

  • Preferência por comunicação não verbal: algumas expressões de amor podem acontecer por meio de desenhos, bilhetes, playlists ou gestos específicos e únicos.

Entendendo os desafios: não é frieza, é processamento diferente

A dificuldade em demonstrar afeto da forma convencional pode gerar frustrações em relacionamentos, principalmente quando não há compreensão mútua.

  • Um autista pode não saber quando é “hora de dar um abraço”, mas pode estar profundamente conectado emocionalmente.

  • Pode não reagir como esperado diante de uma declaração, mas lembrar com detalhes daquele momento anos depois.

  • Pode ter dificuldades em iniciar um gesto de carinho, mas receber com ternura se houver segurança e confiança.

Por isso, compreender o autismo também é aprender novas linguagens do amor. Amor existe — e muito — mas pode ser falado em outro “idioma”.

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A afetividade no relacionamento com autistas adultos

Ao contrário do que muitos imaginam, pessoas autistas não “crescem e deixam de ser autistas”. Muitos adultos no espectro constroem relacionamentos duradouros, casam-se, têm filhos e vivem vínculos profundos.

Em muitos casos, a afetividade amadurece e ganha formas únicas, especialmente quando o casal constrói uma comunicação honesta, adaptada e respeitosa. O desafio maior não está no sentimento em si, mas nas expectativas: esperar que o outro ame exatamente como você pode ser frustrante, em qualquer relação — e ainda mais em relações neurodivergentes.

O papel do outro: como amar alguém que ama diferente?

Se você está se relacionando com uma pessoa autista, ou deseja compreender melhor essa experiência, aqui estão algumas atitudes práticas:

  • Aprenda o jeito da pessoa amar.

  • Esteja aberto a novas linguagens afetivas.

  • Converse sobre limites sensoriais e emocionais.

  • Dê tempo para o vínculo se fortalecer.

  • Valorize o que é pequeno, mas autêntico.

Conclusão

Autistas amam sim. O amor pode não seguir os padrões sociais esperados, mas é verdadeiro, profundo e muitas vezes mais constante do que o amor que se manifesta com grandes gestos e palavras vazias. Romper com os estigmas é abrir espaço para relações mais humanas, autênticas e inclusivas.

Se queremos uma sociedade que respeite a neurodiversidade, precisamos aprender a valorizar todas as formas de amar — inclusive aquelas que não vêm embaladas em laços convencionais, mas são cheias de verdade e beleza.

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