Prevalência do Autismo: 1 em cada 31 crianças são autistas

Novos dados do CDC revelam aumento na prevalência de autismo entre crianças: o que a igreja precisa saber?

Pastor Glauco Ferreira

4/16/20254 min read

Publicado em abril de 2025, um novo relatório do CDC (Centers for Disease Control and Prevention, dos Estados Unidos) trouxe dados impactantes sobre a prevalência e identificação precoce do Transtorno do Espectro Autista (TEA) entre crianças. O estudo, que analisou informações de 16 locais nos EUA, oferece um retrato atualizado e preocupante da realidade enfrentada por famílias atípicas. E embora os dados sejam norte-americanos, suas implicações nos desafiam aqui no Brasil — especialmente dentro da igreja.

Prevalência do autismo entre crianças de 8 anos

De acordo com o relatório, 1 em cada 31 crianças de 8 anos foi identificada com autismo em 2022. Isso representa 32,2 casos a cada 1.000 crianças. Os pesquisadores observaram variações regionais importantes: enquanto Laredo (Texas) teve uma prevalência de apenas 9,7 por mil, o estado da Califórnia registrou o número mais alto, com 53,1 por mil.

Além disso, o estudo mostrou que:

  • Meninos são diagnosticados com TEA em uma taxa 3,4 vezes maior que meninas.

  • Crianças negras, indígenas, hispânicas e asiáticas apresentaram índices mais altos de autismo do que crianças brancas não hispânicas.

  • Entre os diagnosticados, 39,6% tinham deficiência intelectual associada.

Quando o diagnóstico é feito?

Outro ponto importante é a idade média do primeiro diagnóstico: 47 meses (pouco antes dos 4 anos). Porém, crianças com deficiência intelectual foram diagnosticadas um pouco mais cedo, com média de 43 meses.

Embora a identificação precoce seja desejável, o relatório aponta disparidades geográficas gritantes. Enquanto na Califórnia os diagnósticos ocorrem por volta dos 36 meses, em Laredo (Texas), a média foi de 69,5 meses, ou seja, quase 6 anos de idade.

Crianças de 4 anos: sinais mais cedo, mas ainda há barreiras

O estudo também examinou dados de crianças de 4 anos e constatou uma prevalência de 29,3 por 1.000, reforçando a importância da observação precoce. Comparadas às crianças nascidas em 2014, as crianças nascidas em 2018 tiveram 1,7 vezes mais chances de receberem diagnóstico até os 4 anos de idade, o que demonstra algum avanço em políticas públicas de saúde e triagem.

Testes diagnósticos mais utilizados

Dos instrumentos usados para avaliar o TEA, os mais comuns foram:

  • ADOS (Autism Diagnostic Observation Schedule)

  • ASRS (Autism Spectrum Rating Scales)

  • CARS (Childhood Autism Rating Scale)

  • GARS (Gilliam Autism Rating Scale)

  • SRS (Social Responsiveness Scale)

Cerca de 66,5% das crianças diagnosticadas aos 8 anos tiveram ao menos um teste formal documentado.

Por que os dados dos EUA devem preocupar o Brasil?

Apesar de o relatório ser norte-americano, o cenário não é tão diferente por aqui. A escassez de dados nacionais atualizados sobre autismo é, por si só, um sinal de alerta. E os relatos de famílias brasileiras que enfrentam barreiras no diagnóstico precoce, no acesso à intervenção e à inclusão escolar só confirmam que estamos lidando com uma realidade preocupante e urgente.

A tendência mundial aponta para um aumento consistente nos casos de TEA, possivelmente devido a uma combinação de fatores: maior conscientização, melhores ferramentas de diagnóstico e, também, fatores ambientais ainda não completamente compreendidos.

E o que a igreja tem a ver com tudo isso?

Pode parecer que essa é uma pauta exclusiva da saúde pública ou da educação, mas a igreja não pode se omitir diante dessa realidade. Eis algumas razões pelas quais esses dados devem mobilizar o coração da igreja:

1. Porque famílias atípicas estão entre nós

Se 1 em cada 31 crianças é autista, então com certeza há famílias atípicas nas nossas igrejas — muitas vezes invisíveis, silenciadas ou sobrecarregadas. A igreja precisa reconhecer e acolher essas famílias.

2. Porque o acolhimento começa no coração, mas se revela na prática

Falar de amor e inclusão é fácil, mas colocar isso em ação exige preparo, empatia e estrutura. A igreja precisa se capacitar para receber bem crianças com TEA, com ambientes sensoriais seguros, linguagem acessível e líderes treinados.

3. Porque o diagnóstico precoce muda vidas

O apoio da comunidade de fé pode ser um canal importante para encorajar pais a buscarem avaliação precoce e não viverem em negação. A igreja pode ser ponte entre o diagnóstico e a esperança.

4. Porque Jesus acolheu a todos

Se Jesus fez questão de tocar os marginalizados, curar os invisíveis e desafiar o preconceito de sua época, a igreja que leva o Seu nome deve ser o lugar mais seguro para qualquer pessoa — inclusive uma criança autista.

5. Porque o cuidado com os pequeninos é uma ordem

“Quem recebe uma criança, em meu nome, a mim me recebe” (Mateus 18:5). Quando a igreja acolhe uma criança autista, ela está recebendo o próprio Cristo.

Conclusão

O relatório do CDC é um chamado à ação. Ele revela números, mas por trás desses números há rostos, nomes, histórias — e muitas delas estão bem perto de nós. A igreja que ignora essa realidade está ignorando uma parte preciosa do Corpo de Cristo.

É tempo de ouvir, incluir, preparar e transformar. Porque uma igreja que acolhe a todos é uma igreja que reflete o coração de Deus.

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